sexta-feira

Castela

A proveniência do cheiro a bafio da recepção era-me totalmente alheia mas o seu resultado prático estava a perturbar-me a escolha das pesetas. Estava calmo. Depois de as entregar, o olhar descaiu-me e fixei a alcatifa cor-de-sangue por alguns momentos, enquanto terminava o pensamento que se iniciara no duche e se prolongara pela sala de desayuño, cheia de cereais de marca branca e leite de pacote. "Em Atocha fico tranquilo", pensei; "é suficientemente movimentado para não darem por mim e, com sorte, ainda me perco no rastro e desapareço..."
As chapas de matrícula mudaram num ápice de dono e agora era um insuspeito habitante do Ayuntamiento de Pontevedra. E que adorava Madrid.
Entrei pela M2 na hora de ponta, e achei-me irreconhecível no meio de tanto comedor de turron de alicante. Passei à frente do hotel pela primeira vez às 10h07. Um autocarro descarregava turistas, devidamente empacotados. Entrei na primeira transversal, cheia de árvores, vazia de movimento. Depois de estacionar, atravessei o Paseo, entrei no Museo e dirigi-me ao jardim. Faltavam duas horas para a hora combinada.

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