domingo

Desembarque

5h07. Dover. A outra costa ficou definitivamente para trás há alguns minutos. A travessia no ferry foi dantesca. Enroscado na traseira duma pick-up, arrisquei muito. Só o percebi quando paralisei ao reconhecer o inesquecível fungar da cadela da polícia, cheirando a lona da carrinha; estou vivo porque, entre nós, se interpuseram o intenso cheiro a peixe e as muitas caixas de esferovite recheadas de lagostas vivas. Navegar sobre ondas de 7 metros com aquele odôr nas narinas deixou-me um enjôo tão forte que só agora começa a desaparecer, enquanto subo o morro debaixo de chuva. Tropeço de 3 em 3 metros, tal a escuridão. Avanço devagar mas decidido. Tenho de chegar a Portsmouth rapidamente mas sempre pelo Sul, junto à costa. O dia está a nascer. Começo a ver melhor o caminho. Começo a poder estugar passo.

Sem comentários: