terça-feira

Room with a Liffey view I

As margens do Liffey...O último Drakkar abandonara-as há mais de 800 anos. Desceu, lento e derrotado, o rio que eu agora subia. Enquanto a lancha ronronava lentamente corrente acima, e Dublin crescia no horizonte por entre o que o amanhecer revelaria serem verdes sem fim e muralhas em redor, na escuridão do crepúsculo senti-me um viking de regresso a casa, após séculos de fuga e batalhas.
Cruzei-me com mais uma barcaça de carvão e parei a lancha. Saltei para a margem. Estava gelado, nunca era verdadeiramente Verão por aqui. Apesar disso, a roupa secara, na proa. Recolhi, uma-a-uma, as peças de roupa, após três dias no mar. Recolhi, uma-a-uma, as memórias do que me trazia tão longe. Olhei em volta. Nascia o dia. Ao longe, um horizontal fino fio azul eléctrico riscava dois tons de negro: o de cima, completamente plano e puro; o de baixo, recortado pelo relevo das árvores que perturbavam a perfeição que sempre tem o nascer do dia. Maidin mhaith!, disse para mim mesmo. Maidin mhaith, yourself! respondeu-me uma voz de sotaque carregado...

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